"É tão claro como assistir um vulcão entrar em erupção. Observamos uma criança chorosa e irritada e pensamos: "É sono, precisa de uma soneca!"
Sem o descanso da soneca a pressão homeostática continua se acumulando até o final do dia, crescendo e se intensificando, como um vulcão, até que a criança estará completamente exausta, elétrica e incapaz de parar a explosão. O resultado é uma batalha intensa na hora de dormir com uma criança exausta, ranzinza ou um bebê que não consegue adormecer, não importando o quão cansado esteja!
Apesar de parecer paradoxal aos olhos de um adulto, isso explica porque a criança muito exausta, ao invés de adormecer facilmente, luta contra o sono. Veja:
Pior ainda, uma criança que perde sonecas dia após dia acumula privação de sono que a põe no estágio do “vulcão em erupção” mais e mais rápida e facilmente. E pior ainda é se ela está perdendo sonecas e também não tem uma boa qualidade ou quantidade de sono noturno!
O que fazer para sair desse ciclo vicioso?
Algumas mães relatam que passam o dia todo tentando fazer seu bebê dormir, e muitas vezes isso acontece porque desconhecem o tempo médio que aguentam permanecer acordados fisiologicamente. Então eles “passam do ponto” ou entram em efeito vulcânico frequentemente. Deixam os bebês acordados até tarde da noite, não permitem que tirem sonecas por acreditarem que dormiriam melhor a noite (quando, na verdade, é o oposto), ou tiram sonecas rápidas, de meia hora ou menos, que não completam as fases do ciclo de sono e não são restauradoras. É um ciclo vicioso, uma bola de neve que se inicia logo pela manhã: quanto menos sono nos momentos apropriados, mais dificuldades para os sonos a seguir.
Então, a melhor estratégia para lidar com isso é prevenir que o efeito vulcânico se instale. Em primeiro lugar, investindo na qualidade das sonecas e ajudando o bebê a tirar sonecas restauradoras. Pode-se fazer isso da maneira mais eficiente que a mãe encontrar de adormecer o bebê, e não se esquecendo de proporcionar um ambiente apropriado ao sono (como já dito acima, um ambiente escuro e com sons estáticos ao fundo é o ideal). Sons estáticos são sons repetitivos e que conduzem ao sono, os quais o bebê já está acostumado a ouvir no útero materno, como, por exemplos: som do mar, chuva, oceano, ar condicionado, ventilador, secador de cabelo, rádio fora de sintonia e outros. Uma dica: Aplicativos de celular como "som do útero"! Até nós adultos nos beneficiamos disso. Quem não dorme bem quando chove lá fora ou tira uma bela soneca numa rede a beira-mar?
Se for preciso esticar as sonecas colocando o bebê para dormir novamente no meio da soneca, faça-o, pois esse é um aprendizado que o bebê não faz sozinho, ele depende da nossa ajuda. Se o bebê dormir melhor no seu colo ou mamando ou precisar ser embalado novamente, que seja. É importante evitar a progressão do efeito vulcânico e um bebê exausto precisa mais do que nunca de ajuda para adormecer. Novamente, um ritual de sono noturno condutivo ao sono também é importante e é benéfico que as crianças durmam cedo, pois têm tendência a acordar cedo. A espécie humana é uma das que nascem mais precocemente no reino animal, até entre os primatas. Isso porque o "preço" da nossa inteligência, o cérebro enorme (que foi evoluindo por milhões de anos), não poderia terminar de se desenvolver no útero da mãe ou o parto não seria possível, em conjunção com outro fator evolutivo: nos levantamos e andamos, somos bípedes. Fato é que bebês nasceram neurologicamente inacabados! São dependentes e precisam de nossa ajuda, toque, carinho, atenção, ser atendidos quando choram, receber colo, ajuda para dormir quando precisam."
Qual sling usar? Se você tem o wrap sling, pode continuar usando. Mas já dá para investir num sling de argolas, que na nossa experiência é o melhor sling para retirar o bebê de dentro depois que ele dorme!
26 semanas (seis meses)
"Já na 23ª semana o bebê parece se tornar mais ‘difícil’. Ele busca maior contato corporal durante as brincadeiras. O bebê já consegue coordenar os movimentos dos braços e pernas com o resto do corpo. Senta sem apoio e põe objetos na boca. Nessa idade ele começa a entender que as coisas podem ficar dentro, fora, em cima, embaixo, atrás, na frente, e usa isso em suas brincadeiras. Ele passa a entender que quando a mamãe anda, ela vai se afastar e isso o assusta, então reclama quando a mãe sai de perto. Depois desse salto o bebê vai ficar interessado em explorar a casa, armários, gavetas, achar etiquetas, levantar tapetes para olhar o que tem embaixo. Ele se vira para prestar atenção nas vozes, consegue imitar alguns sons, rola bem em ambas direções e começa a se apoiar em algo para ficar de pé. Adquire maturidade para receber alimentos sólidos. Essa fase pode durar cerca de 4-5 semanas."
É uma fase muito divertida para usar o sling e passear com o bebê. Ele já está bem forte, durinho.
Qual sling usar? Se você tem um wrap sling pode continuar usando. Mas é uma boa posicionar a criança na sua lateral, para aumentar seu campo visual. Excelente hora para usar o sling de argolas, o pouch sling e até o mei-tai se seu bebê gosta de ficar virado para você!
37 semanas ( 8 meses e meio)
"O bebê fica ‘temperamental’, tem mudanças frequentes em seu humor, de alegre para agressivo e vice-versa, ou de exageradamente amoroso para ataques de raiva em questão de momentos. Chora com mais frequência. Quer ter mais atividades e protesta se não as tem! Não quer que troquem sua fralda, chupa seus dedos. Protesta quando o contato corporal é interrompido. Dorme menos, tem menos apetite, movimenta-se menos e “fala” menos. Às vezes senta-se quieto e sonha acordado. O bebê agora começa a explorar as coisas de uma forma mais metódica. Passa a entender que as coisas podem ser classificadas, por exemplo, sabe o que é comida e o que é animal, seja ao vivo ou em um livro. Fala "mamá" e "papá" sem distinção de quem é a mãe ou o pai. Engatinha, aponta objetos, procura objetos escondidos, usa o polegar e dedo indicador para segurar objetos."
Atenção! Entre 6 e 8 meses é comum que a criança passe por um período crítico chamado "Ansiedade de Separação"!
A partir de 6 a 8 meses, em média, o bebê começar a perceber que é um indivíduo separado da mãe. Essa descoberta lhe traz angústia e pânico, então ele tende a solicitar muita atenção da mãe e pode chorar mais que o usual. Essa fase se completa num longo processo que continua a se manifestar de uma forma ou outra até os dois a três anos, ou até os cinco anos, de acordo com outros especialistas.
É preciso levar a sério a intensidade dos seus sentimentos. O bebê não está “chatinho”, “grudento” nem “manhoso”. Como a mãe é o seu mundo e representa sua segurança, e como a noção de permanência (ou seja, tudo que está longe do campo de visão) não está completamente estabelecida, essa angústia é muito acentuada. A maioria das conexões nervosas no cérebro são feitas na infância e a maneira com que lidamos com as emoções do bebê tem um efeito profundo em como essas conexões se refletirão na capacidade do bebê lidar com suas próprias emoções quando for adulto. Em outras palavras, experiências na primeira infância e interação com o ambiente são as partes mais críticas no desenvolvimento do cérebro da criança.
O sistema de angústia da separação, localizado no cérebro inferior, está geneticamente programado para ser hipersensível. Nos primeiros estágios da evolução humana era muito perigoso que o bebê estivesse longe da sua mãe. Se não chorasse para alertar seus pais do seu paradeiro, não conseguiria sobreviver.
Então, quando o bebê sofre pela ausência dos seus pais, no seu cérebro ativam-se as mesmas zonas que quando sofre uma dor física. Ou seja, a linguagem da perda é idêntica à linguagem da dor. Não tem sentido aliviar as dores físicas, como um corte no joelho, e não consolar as dores emocionais, como a angústia da separação. Mas, infelizmente, é isso o que fazem muitos pais, por não conseguirem aceitar que a dor emocional de seu filho é tão real como a física. Essa é uma verdade neurobiológica que todos deveríamos respeitar.
O desenvolvimento dos lóbulos frontais inibe naturalmente esse sistema de angústia de separação.
Algumas pessoas justificam sua decisão de deixar o bebê desconsolado como uma forma de “inoculação de estresse”, o que significa apresentar ao bebê situações moderadamente estressantes para que aprenda a lidar com a tensão. Aqueles que afirmam que os bebês que choram por um prolongado período de tempo só sofre um estresse moderado estão enganando a si mesmos, pois livrar-se do bebê ou não consolá-lo (durante o dia ou a noite, quando choram ou pedem mais mamadas ou colo do que o usual) pode resultar em efeitos adversos permanentes no cérebro da criança. Ela pode sentir pânico, o que significa um aumento importante e perigoso das substâncias estressantes no seu cérebro, podendo resultar em uma hipersensibilização do seu sistema de medo, o que lhe afetará na sua vida adulta, causando fobias, obsessões ou comportamentos de isolamento temeroso. (9).
Além disso, nessa fase, procure passar todo tempo possível com seu bebê, principalmente se trabalha fora. Separe os momentos logo após o reencontro do dia de trabalho para ter dedicação exclusiva a ele. Sente confortavelmente, faça contato olho no olho, amamente, interaja com seu bebê. Você pode estar cansada e estressada depois da longa jornada de trabalho, mas se conseguir um pouco de energia para receber seu bebê com alegria, você também se sentirá melhor após alguns minutos de uma reconexão significativa. Somente depois pense no jantar, no banho e outros afazeres.
Considere promover proximidade na hora de dormir se suspeita que o bebê tem acordado mais a noite por estar passando por um pico de ansiedade de separação.
Então, o texto já diz como o sling pode te ajudar: é o momento de vocês estarem juntos!
Qual sling usar? Qualquer um! Os slings elásticos, neste momento, podem ser mais complicados por causa do peso. Se você não tem outra opção além de um sling de dry fit que costuma ser mais elástico e sensível ao peso é tentar uma amarração posterior: você coloca o bebê e depois termina de fazer a amarração. Alguns vão chamar esta amarração de " Cruz envolvente", embora não seja uma cruz e sim um "X", e embora nem sempre este "x" envolva a criança. Nos slings elásticos é bom as faixas cruzadas envolverem o bebê para darem maior suporte ao peso.
46 a 55 semanas (entre 11 e 13 meses):
É quando a maioria dos bebês já anda! O bebê também já se comunica bem melhor, aprende algumas palavras. É lindo vê-los crescer, se desenvolver, aprender! Espero que tenham usado muito o sling antes de um aninho, por que agora a tendência é diminuir. Mas é bem divertido quando a própria criança encontra o sling pela casa e traz pra gente colocar, querendo colo, querendo passear! Ainda dá pra usar seu sling, então não o aposente nem se desfaça dele ainda: pode ser que precise para uma viagem, para dar mais colo se surgir alguma doença, para trilhas ou passeios em que seria complicado demais levar um carrinho. Tem gente que segue usando o sling até dois ou três anos, mas lembre-se de respeitar o seu limite de peso, ok?
Qual sling usar? Qualquer um! Mas já pode usar mochilas ergonômicas e também levar seu filho às costas naquele carregador que você tem mais confiança.
Esperamos que nestes primeiros meses de vida do seu filho o sling seja uma ferramenta de vínculo e colo, assim como foi e tem sido para nós!
E, como sempre digo:
Divirtam-se!
Referências:
Se você quer saber mais sobre amamentação, sono e desenvolvimento do seu bebê, indicamos os textos que usamos em trechos nesta postagem, do Grupo Virtual de amamentação
(http://grupovirtualdeamamentacao.blogspot.com.br/2016/01/fases-de-crescimento-e-desenvolvimento.htmlhttp://grupovirtualdeamamentacao.blogspot.com.br/2016/01/fases-de-crescimento-e-desenvolvimento.html ) e que estão reproduzidos em verde.
Na página do facebook "Soluções para Noites sem choro" também tem muita coisa legal.
https://www.facebook.com/notes/solu%C3%A7%C3%B5es-para-noites-sem-choro/o-efeito-vulc%C3%A2nico-por-que-sono-inadequado-durante-o-dia-sonecas-resulta-em-extr/470012733023141